segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Acaso

/por Diego Carvalho/

Olhos em chamas de frente ao por do sol, calmos e em brasas causam certa confusão, atentos e estáticos com a postura de um farol, desenham areias infinitas nos seus grãos, e a retina emaranhada rasteja pelo horizonte procurando fugir da desilusão.

O “sim” esperado, a mão estendida, ecoou sons de “não” com fim de despedida fechando a guarda do peito que com pressa procurou ar para não estar tão vazio. Olhou para os lados, esquerdo e direito, se sentiu perdida na porta de casa, sentou na calçada num dia de finados em pleno mês de abril.

Fez a maquiagem e pro espelho mentiu, vestido e decote em dia de frio, deu a mão ao acaso e procurou o destino que nunca se apresenta mais de uma vez. Achou a noite com cara de sorte, debochou da vida e sorriu, e esquecendo que o destino é a morte, abraçou o céu e dormiu.

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Diego Carvalho escreveu o livro Quebra-Cabeças em Peças de Vida, estuda sistemas de informação, trabalha na área de programação e suporte de banco de dados, "adora projetos de animação" e dá aulas de jiu-jitsu e muay thai. É frequentador deste "sítio" há mais de dois anos.