terça-feira, 27 de novembro de 2012

Desencontro


/Por Diego Carvalho/

Eram sessenta e dois amigos, eram sessenta e dois motivos,
e se foram quase despercebidos, se foram todos como chegaram,
sem nem porque, nem explicação, e eu fiquei sem vozes na lembrança,
e eu fiquei sem recordação.

Era um grito destemido que chamava a atenção,
o sorriso de um palhaço que desperta a multidão,
era um circo de angústia sem macaco nem leão,
era um trapézio esquecido, um domador de ilusão.

O olho cego e perdido ao avistar a escuridão,
esperando a luz se apresentar e esperando ela brilhar.
Era igreja sem cerimônia e casamento sem altar,
vela sem oração, duas mãos sem devoção e susto sem grito.
Era romance sem paixão, um ano inteiro sem verão e espaço sem infinito.

O tempo engarrafado em doses atemporais,
esperando ser derramado sobre o fogo de um cometa.
Era pedra virando pó e mar batendo em pedra.
Era areia de ampulheta.
Da garganta vinha o nó e era o fim da esperança,
era um fim sem esperança a esperar um fim.
Era eu sem você e era você sem mim.


***
Diego Carvalho escreveu o livro Quebra-Cabeças em Peças de Vida, trabalha na área de programação e suporte de banco de dados, "adora projetos de animação" e dá aulas de jiu-jitsu e muay thai. É frequentador deste "sítio" há mais de três anos.