quarta-feira, 30 de agosto de 2017

A selva das almas perdidas

por Wagner Hilário

São tantos os papéis a interpretar na vida, que aqueles, sobre a mesa, com pedidos médicos de exames para investigar pólipos na vesícula, passaram-lhe despercebidos. O PSA também não foi feito; não deu tempo. Nunca trabalhou tanto na vida e se viu tão pouco, ou nada, refletido no fruto do que produz. Nunca se sentiu tão vulnerável, tão vivo e, ao mesmo tempo, tão anestesiado. Já não sabe o que é ou não aceitável. Não sabia que, para alcançar seus sonhos, teria de cruzar uma selva de almas perdidas, nem que essa travessia poderia roubá-los de seu horizonte, ao ponto de esquecer-se que, um dia, os havia sonhado.