quinta-feira, 16 de outubro de 2014

As sombras dos discursos

por Wagner Hilário

E o preconceito político se dissemina a passos largos. Uns acreditam que sua escolha eleitoral determina sua idoneidade, seu amor pelo próximo e sua humana e amável racionalidade. Será? Sem dúvida é uma maneira polida e educada de dizer que quem vai pelo outro caminho (candidato) não é nada disso, diminuindo e empurrando ao limbo da ignorância reacionária TODOS os que não compartilham do mesmo voto — preconceito com verniz politicamente correto.

— Meu candidato é o da nata intelectual, das almas ateias, mas caridosas. Fodam-se os fundamentos macroeconômicos... Papo de “reaça”.

No fundo, não há nada de revolucionário nem heroico. É egoico mesmo.

— Quem não está com o meu candidato, está contra mim...

No fundo, está com o seu avesso, e o seu avesso é aquilo que teme em si mesmo, sua própria sombra.

O mesmo vale para “os reaças” e “os coxinhas” que fazem jus à fritura que recebem, porque tentam, de forma fascista, varrer para longe, incinerar em pontos de ônibus, insultar em restaurantes, afugentar com punhos cerrados e lâmpadas fluorescentes tudo aquilo e aqueles que de alguma maneira lhes revelam sua própria pobreza anímica e humana.

— Bando de burro, morto de fome... Vota com o estômago e fode o País.

O que seria dos “boy” se não fossem os “mano”, o que seria dos coronéis se não fossem os miseráveis. Infelizmente não é mentira que, para muitos, os pobres e a pobreza escancarada dão mais vida e “valor” à sua riqueza ostentada, mas nem sempre verdadeira.

De verdade, o que resta é a dúvida: de cá e de lá, quem é polido, idôneo, amável, inteligente e rico... de espírito?