segunda-feira, 20 de abril de 2009

Manhãs e Destino

por Wagner Hilário

Meu destino se cumpre
toda noite

quando deito meu lábio
exausto de vida
no pêssego-rosto
sedoso de sono
da minha esperança infantil

Quando deito meu corpo
desfeito do dia
no estrado da saudade
acolchoado de paixão –
humilde panteão
que me revigora as forças
e me devolve o coração

Então, quando o sol rebenta
já posso me pôr a caminho
suave, sem pressa
em busca do meu destino

3 comentários:

Lígia Pagenotto disse...

Parabéns, Wagner, vejo que continua a todo vapor! Sempre que posso dou uma passadinha por aqui, para ver o que você vem produzindo. E sempre me surpreendo para o bem!
Um beijo de sua amiga e admiradora
Lígia

Renato Piccinin disse...

Puta texto, para variar. Abs, Wá.

Érico Marin disse...

O que eu poderia dizer dessa passagem que você abriu entre o cotidiano e o maravilhoso? Entre a manhã e o destino - algo tão próximo e presente e outra coisa abstrata, misteriosa? O seu olhar de poeta extrai da rotina do pai de família assalariado a sina do poeta que vê em qualquer ruína uma fábrica de instrumentos celestiais (para não usar clichê de moinhos e dragões). Concisão e imagens bem esculpidas pela sua palavra. De novo bato palmas.