por Wagner Hilário
Verões cinzas
rasgam as tardes de dezembro
Meu cérebro inchado
de um trabalho em vão
pede folga ao céu
como um velho homem
esturricado e à beira da morte
pede água a um cacto
impassível e solitário
na tristeza do sertão
Pior que a inércia
é correr pro lado errado
dar a volta no mundo
cheio de esperança
e encontrar a mina de ouro
já sem o seu bocado
Carvalhos não adiantam
diante do fardo...
ou arruma a astúcia
que Deus soltou no vento
ou morrerá na penúria
sem nenhum alento
Quem me garante a vida
a não ser o tempo
Preciso ver entre os segundos,
mergulhar nos meus sonhos
e despertá-los concreto
Amanhã pode ser nuvem e
sem otimismo chulo
cabe a cada homem
garimpar seu sucesso
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