por Bertolt Brecht
Bom é o esquecimento!
Senão como se afastaria o filho
da mãe que o amamentou?
Que lhe deu a força dos membros
e o impede de experimentá-la.
Ou como deixaria o aluno
o professor que lhe deu o saber?
Quando o saber está dado
o aluno tem de se pôr a caminho.
Para a velha casa
mudam-se os novos moradores.
Se os que a construíram ainda lá vivessem
a casa seria pequena demais.
O forno esquenta. Já não se sabe
quem foi o oleiro. O plantador
não reconhece o pão.
Como se levantaria pela manhã o homem
sem o deslembrar da noite que desfaz o rastro?
Como se ergueria pela sétima vez
aquele derrubado seis vezes
para lavrar o chão pedregoso, voar
o céu perigoso?
A fraqueza da memória
dá força ao homem.
Esse texto foi extraído da obra Bertolt Brecht – Poemas 1913-1956, publicada pela Editora 34, em 2001, e fruto da seleção e tradução de poemas do autor alemão feitas por Paulo César de Souza.
4 comentários:
Nossa, perfeito!
Lu T.
Brecht é demais ... faz um elogio ao apagamento da memória neste magnífico poema e nas peças nos deixa frente ao real ativando a nossa consciência do que "realmente" somos e de "onde" estamos ... parece que dá o indício de que a vida é um eterno paradoxo ...
Kelly
Brecht é demais ... faz um elogio ao apagamento da memória neste magnífico poema e nas peças nos deixa frente ao real ativando a nossa consciência do que "realmente" somos e de "onde" estamos ... parece que dá o indício de que a vida é um eterno paradoxo ...
Kelly
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